Reinados e Revoluções

segunda-feira, novembro 12, 2012

É no meio de luzes néon, holofotes, risadas e multidões que te sentes em casa.
«A noite ainda é jovem, vamos onde o vento nos levar. Nunca se sabe se amanhã estaremos vivos.» Entoas, gozando, fazendo uso propositado de clichés. Rodopias por entre melodias que apenas tu consegues alcançar, arrastando-me contigo na tentativa de me converteres ao teu estilo de vida.

Mas viver tão perto da queda nunca me deixou tão feliz como quando estive contigo. Resignei-me a mostrar-te o meu mundo na esperança que algum dia quisesses partilhá-lo. Egoísta. Centrado. Louco de amor. Ingénuo.

«Vamos!»
«Não te preocupes, vou logo atrás.»

Mãos entrelaçam-se no frio da noite, a respiração irregular a formar pequenos puffs de vapor no espaço em redor. E avançam, conversas alheias e barulhos de carrossel como ruído de fundo.

Promessas feitas em vão. «A noite é nossa. Podemos reinar num mundo de bêbedos e pessoas adormecidas.». Saltas para cima de um solitário banco de jardim, proclamas ao mundo as tuas intenções. Quem não te conheça que te tome por megalómano ou simplesmente idiota, para mim serás sempre um ponto luminoso, energia pura que não para num mesmo sitio durante muito tempo. E, secretamente, é isso que me preocupa.

Do alto do banco sinto-me sozinho mas do alto do banco consigo vislumbrar o amanhã, consigo ver-te a ti, a olhar para mim, a olhar para ti. Tudo o que penso, tudo o que faço e tudo o que deixo por fazer é por ti e para ti. Não se trata de esconder a minha personalidade pois sei que te divertes com os meus actos de exagero, os meus clichés, as minhas brincadeiras de criança deslocada. Não quero que te preocupes comigo, só quero que me deixes ser eu a carregar o fardo de me preocupar contigo.

«Davas um bom rei, sim senhor. Postura magnânima, o verde do banco acrescenta algo de essencial à imagem.» mãos colocadas em formato de fotografia, risos abafam o ambiente.

«Tu poderias escrever a minha história. O Rei Louco que, ingenuamente, Amei.» Thump - um salto do alto do banco até ao chão, uma pausa no riso.

Olhares trocados com olhares fixados, mas olhares secretos e possessivos. Cores desfocadas dançam em íris de mais-do-que-amigos que passam a menos-do-que-amantes. 

Não estragarei o momento.Não falarei. Não sairemos do impasse com palavras, temos de passar às acções.

Mãos interlaçam de novo, distância encurtando, respirações misturando-se. O calor dos corpos a consolar o outro. 

Abraços acontecem, espontâneos. Beijos são construídos a dois. Construções espontâneas fazem explodir emoções e catalisam aquilo a que os sábios chamam amor. 

É tudo sobre a experimentação, o sabor do momento, o embaciar da razão. O mundo gira à volta deles.

«A noite é nossa.»
«Reinamos, soberanos sobre a solidão.»

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Um bocado a titulo de procrastinação para o NaNoWriMo. Apeteceu-me escrever algo completamente de improviso. É tudo. 

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